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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Uma ética ambiental para o futuro


Por Jostein Gaarder - Escritor, autor de "O mundo de Sofia"

Cinqüenta e um anos depois da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o mundo necessita de uma nova declaração universal, desta vez de obrigações humanas, tanto dos indivíduos quanto dos estados, a fim de deter a progressiva deterioração do ambiente de nosso Planeta. Há no mundo milhares de organizações que atualmente se ocupam dos direitos das pessoas, mas somente um punhado está se preocupando com o estabelecimento de obrigações humanas.

O primeiro resultado real nesta área, a Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, pode até mesmo ter sido insuficiente, mas deu uma idéia do quanto falta para ser feito em matéria de obrigações supranacionais relacionadas à salvaguarda do ambiente e dos recursos mundiais, e com a necessidade de dar uma base sustentável à vida humana e animal.

Até agora a regra de ouro de “não faça aos outros, o que não gostaria que fizessem a você” serviu como base para todas as éticas. Devemos transportar esta regra para as relações entre países ricos e pobres, e entre gerações.

Teríamos gostado se as pessoas que viveram neste Planeta há cem, mil ou cem mil anos tivessem depositado enormes quantidades de lixo nuclear no fundo do oceano ou em buracos, levando à extinção numerosas espécies de plantas e animais, ou queimado tanto carvão e petróleo como nós fazemos? Sendo assim, fica claro que não temos o direito de fazer o mesmo.

Como já foi corretamente observado, o Planeta Terra não é de nossa propriedade e nem o herdamos de nossos ancestrais. Na realidade, o estamos pedindo emprestado de nossos descendentes. Mas estamos deixando atrás nós um mundo que vale menos do que aquele que pedimos emprestado.

A nossa é a primeira geração que está afetando o clima terrestre e a última geração que não terá que pagar o preço por ter feito tal coisa. Tendo em vista o que está ocorrendo em nosso Planeta, nos atreveríamos a nascer na metade do próximo século?

Sabemos que estamos em uma rota de colisão com a natureza e de que modo devemos mudar nosso comportamento para evitar o desastre. Nosso sistema econômico está colocando em perigo a capacidade do Planeta de renovar-se a si mesmo. Muitas decisões estão sendo tomadas por pequenos grupos com a intenção de obter lucros em curto prazo sem levar em conta o que seria uma justa divisão dos recursos mundiais.

Se a cultura ocidental tivesse êxito em exportar sua ideologia consumista para a África, Índia, China e Sudeste Asiático, por exemplo, a catástrofe global seria inevitável. Certamente, a catástrofe já é uma realidade em muitos lugares.

As perguntas candentes a se fazer neste início de Século 21 são as seguintes:

Que mudança de consciência está faltando? Quais são as qualidades de vida mais importantes? Quais são os valores sustentáveis? O que é uma boa vida?

A questão já não é mais se necessitamos de uma nova ética global, mas sim como obter uma “ética para o futuro” e como ela pode ser assimilada de modo a levar a uma nova direção política. Hoje em dia muitas pessoas têm um bom conhecimento dos desafios que este mundo está enfrentando. Muitos, inclusive, talvez tenham o que se poderia chamar de uma consciência global, ou uma consciência ecológica. Os políticos também estão se dando conta do que está ocorrendo e de uma maneira muito melhor do que demonstram na prática.

Este é o paradoxo: sabemos que o tempo está se esgotando para nós, mas não agimos para mudar completamente as coisas antes que seja demasiado tarde. Estamos enfrentando o colapso do ambiente planetário. Mas onde está a vontade política? Que políticos se atreveriam a pedir um pequeno sacrifício a fim de adotar um novo e necessário curso para salvar o futuro de nossas crianças, da civilização e da dignidade humana?

Devemos lutar pela proteção do ambiente e por uma divisão mais eqüitativa dos recursos do planeta.

Diz-se que uma rã posta na água fervente saltará rapidamente para fora, mas se a água for aquecida gradualmente, ela não se dará conta do aumento da temperatura e tranqüilamente se deixará ferver até morrer. Que coisa semelhante possa estar ocorrendo à nossa geração com respeito à gradual destruição do ambiente é ainda algo a ser demonstrado ou desmentido. Uma coisa é certa: ninguém pode nos salvar a não ser nós mesmos.

O futuro não é algo que simplesmente acontece por si mesmo. Estamos criando o amanhã neste mesmo momento. Hoje em dia muitas pessoas sentem-se como meros espectadores dos fatos globais. Mas devemos aprender que todos nós somos atores e que estamos modelando nosso futuro agora mesmo.

4 comentários:

nova utopia disse...

Lane Lima
Lí, ontem, um livro do Manfredo Oliveira, editado pela Ed. Paulus, que diz:
Vamos substituir o paradigma econômico por um novo paradigma(modelo) ecológico.
Lembrei-muito de você.

Um Abraço Fraterno

Odécio, o caminhante noturno.

nova utopia disse...

Lane Lima
Terminei de ler o livro do pensador cearense Manfredo Araújo de Oliveira, sob o título "Ética, Direito e Democracia", Ed. paulus,
Copyright 2010.
Segundo ele, estamos num vazio Ético. Só podemos contar com fragmentos da Moral. No estado atual em que nos encontramos, onde a normatividade não sabe julgar o que é certo e o que é errado, somos órfãos da Ética, em nossa atual realidade. Teremos que pensar uma Ética futura diferente de todas as demais. Que, uma Ética futura, teremos que levar em consideração a Globalização Mundial, contrapondo-se com uma Ética, também, planetária.
Ele nos diz que estamos passando por um colapso social e ambiental.
Estamos passando por uma crise de paradigma (modelo) - do paradigma
econômico para o paradigma ecológico, como havia lhe dito antes, "no interior da crise de Civilização", acrescento ...

Um beijo (mentiroso)
Odécio, o caminhante noturno.
e-mail: mendesrocha2@gmail.com

nova utopia disse...

Lane

Estou novamente aqui para lhe aperrear.
Relendo GAARDER (jardim), autor do Mundo de Sofia. Para se torne realidade o que ele questiona, teremos também que reinventar uma nova Política. Porque estamos órfãos da Política, atualmente.
Os Estados-nações estão reféns do soberano mercado financeiro mundial. A Política obedece com rigidez tudo o que o mercado financeiro internacional manda ou propõe. O Estado - nação, p. ex, o
Brasil - ou qualquer Nação do planeta Terra - carece de qualquer projeto político. Estamos órfãos da política, também. Porque toda a organização planetária gira em torno do mercado de capitais (dinheiro fítcticio, segundo Marx).
A nossa Política atual apenas administra a crise da Civilização.
Todas as Nações estão comprometidas integralmente com as ordens do mercado financeiro mundial.
J. Gaarder é muito bom para principiantes, ele não vai fundo.

Um abraço

Odécio, o caminhante noturno.

nova utopia disse...

TSUNAMI À LUZ DA PSICANÁLISE

O oceano, o mar simbolizam à luz da Psicanálise, o inconsciente individual e coletivo.
O medo às ondas gigantes, é o medo
que quase todos têm que o inconsciente individual (e coletivo) invada o consciente de repente, asfixiando o ego (eu), com todos os conteúdos recalcados no inconsciente.
O ego social fragilizado teme que isto aconteça.Poque, se isto acontecer, haverá uma grande desorganização a nível mental individual e coletivo.
Esses ideólogos do fim do mundo são
maquiavélicos - pegaram o ponto mais fraco da coletividade, para fazer dela refém. Daí o medo irracional da humanidade que as ondas gigantes (tsunamis) destrua
todo o consciente e o elimine, dentro de uma caoticidade sem precedentes.
Isto acontece o mesmo com a loucura. O ego (eu) raquítico se divide, se fragmenta, se desorganiza em razão dos conteúdos
recalcados do inconsciente que se elevam até o consciente (o ego), desorganizando a tríade ego - suprego - id, levando o indivíduo (ou a coletividade) para uma psicopatia.
Odécio Mendes Rocha - Filósofo