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"A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar." Martín Luther King


Seja a mudança que você deseja ver no mundo.

Mahatma Gandhi




Música

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Odécio Mendes Rocha

EL ORIGEN Y EL FIN DEL DINERO *

Costumo dizer que a origem do dinheiro está na Mais-Valia. Isto Karl Marx o disse há mais de um século no O Capital.
Começa com o trabalho; depois, é expropriado o trabalho excedente (a Mais-Valia);na terceira etapa, a acumulação da riqueza é transformada em “commodites” e o dinheiro fica como uma mercadoria independente. ALUGA-SE DINHEIRO !!! E eis a pistolagem dos bancos que alugam seu dinheiro (empréstimo), para que o dinheiro possa parir mais dinheiro. Este dinheiro, pela evolução, transformou-se em outro tipo de propriedade – o mercado financeiro internacional. Este mercado vira um dinheiro independente das relações patrões e empregados. No final do século XX para o começo deste século XXI, o mercado financeiro tornou-se o senhor do mundo. É quem manda e desmanda nos Estados-Nação. Está para além do bem e do mal, ou seja, da moral. Por quê? Porque o mundo da economia real morreu. Não podendo mais aplicar o dinheiro na produção, tornou-se obrigatório investir dinheiro no mercado financeiro mundial, como a única via de acesso, para salvar as empresas da falência, das quebradeiras etc. O mercado financeiro mundial emancipou o dinheiro dos trabalhadores. Este dinheiro não corresponde ao econômico, aos ativos fixos e nem tem mais nada a ver com a economia real ou concreta.
A revolução eletrônica informatizada, a partir de 1940 com a Cibernética de Norbert Wiener e seu extensivo mundo informatizado ( a revolução dos CHIPS), mudou o panorama da antiga civilização milenar – a Civilização do trabalho.
Esta micro-eletrônica deixou quase a zero o espaço-tempo; eliminou a zero a Mais-Valia; deixou a produção zero valor; o trabalho quase zero; o mercado não terá mais nenhum valor social; o capital tornou-se fictício sem mais correspondência na economia concreta e real. O trabalho estrutural aumentará a cada dia, sem volta, em progressão geométrica; o dinheiro fictício do mercado financeiro a cada dia desvalorizar-se-á gradativamente, sem mais obedecer o econômico, o político etc.
Acabou o dinheiro da produção. Mas ela continua firme. Continua firme apenas como excrescência social (Baudrillard), atrelada ao Mercado Financeiro Mundial. Este mercado é o novo território do dinheiro fictício. Este dinheiro ainda continua atrelado à produção. A produção sem Mais-Valia como está atualmente, em breve deixará de ser o referencial deste dinheiro desterritorializado. Com a produção zero valor, o mercado financeiro internacional, de explosão e explosão de bolhas, o sistema sócio-metabólico do capitalismo não resistirá e morrerá de apoptose. Fim do capitalismo.

*A Origem e o fim do Dinheiro

Blog: mendesrochalenitivo.blogspot.com

domingo, 20 de dezembro de 2009

O fracasso de Copenhague e a "Cara de Pau" do Brasil

O fracasso de Copenhague

A política do imperialismo apresentada em Copenhague é um retrocesso. Significa, entre outras coisas, o fim do tímido Protocolo de Kyoto, acordo que fracassou porque o governo norte-americano se recusou a assiná-lo. Se a crise econômica de 2008 mostrou que o capitalismo condena a humanidade à catástrofe, Copenhague escancara a impossibilidade deste sistema evitar o colapso ambiental. O máximo que a conferência poderá produzir é um acordo de intenções e algumas grandes oportunidades de negócios através da criação de um novo derivativo, baseado na compra e venda do direito de poluir. Os chamados créditos de carbono movimentam hoje 120 bilhões de dólares e estão se tornando numa oportunidade para especuladores ganharem muito dinheiro enquanto o planeta agoniza. Copenhague fracassou, porque é da natureza do capital priorizar lucro e não a humanidade.

O Brasil cara de pau

Mais uma vez, o governo apresenta um Brasil para inglês ver. Enquanto tentava ser uma suposta “vanguarda” do combate à mudança climática em Copenhague (representado pela ministra Dilma Rusself - não sei porque, já que o ministr do Meio Ambeinte é o Carlos Minc e o Presidente da República é Lula da Silva, aqui no Brasil faz a festa dos inimigos do meio ambiente e devastadores da Amazônia.
Na semana passada, o governo Lula prorrogou a entrada em vigor do decreto 6514, que regulamentava, após 44 anos, as punições previstas para crimes ambientais pelo Código Florestal Brasileiro. Como se não bastasse o adiamento, o presidente ainda concedeu uma anistia para todos os fazendeiros que desmataram ilegalmente até hoje. Para ser anistiado, basta o fazendeiro dizer onde deveria estar sua reserva legal, reconhecer que desmatou além da conta e prometer que vai recuperá-la num prazo de 30 anos. Assim, desaparecem as multas relacionadas a crimes ambientais. Calcula-se que a anistia significará a renuncia de R$ 10 bilhões que deixarão de ir para os cofres públicos. “Quem desmatou leva o perdão à vista, enquanto pode pagar o que deve ao país a prazo”, afirma um comunicado do Greenpeace sobre a medida.
Como se não bastasse, nessa semana o deputado Marcos Montes (DEM-MG), membro da bancada da motosserra na Câmara, tentará colocar em votação na Comissão de Meio Ambiente o projeto de lei 6424, chamado de Floresta Zero. O projeto, que conta com o apoio nada velado do Ministério da Agricultura, flexibiliza o código florestal e contribui para aumentar o desmatamento no país.


Parte do texto extraído da Home Page do PSTU Nacional.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

moradores de rua casam na igreja Pequeno Grande

Uma boa noitícía. O padre Lino, da pastoral do Povo da Rua, celebrou na tarde de quarta-feira, o casamento de moradores de rua, na igreja Pequeno Grande que uma das mais "chique" de Fortaleza.
http://opovo.uol.com.br/opovo/fortaleza/937812.html(edição de quinta-feira,17/12/20090
http://www.opovo.uol.com.br/opovo/fortaleza/937812.html



Casamento

Moradores de rua celebram o amor
Moradores de rua, Lindinalva e Seu Pedro se casaram ontem, na igreja do Pequeno Grande, uma das mais concorridas de Fortaleza. Diante do altar, o casal disse sim ao amor e à vida nova. São um exemplo de que todos têm o direito de sonhar

Lucinthya Gomes
lucinthya@opovo.com.br
17 Dez 2009 - 00h21min


Ela entrou na igreja radiante, de vestido branco e grinalda. ``Meu coração está cheio de emoção, pulando de alegria``, sorria Lindinalva Loureiro, 32, que mora nas ruas de Fortaleza há cerca de seis anos. Diante do altar, Pedro da Silva, 47, esperava emocionado o momento de aceitar para sempre a mulher que mudou sua vida. Ele vive na rua desde os 12 anos e na rua conheceu a noiva. Para ele, a mais linda. Ontem à tarde, na Igreja do Pequeno Grande, disseram sim ao matrimônio e a uma vida nova.

Desde que se encontraram, a vida de Pedro e Lindinalva nunca mais foi a mesma. ``Eu conheci ele lá na Praça do Ferreira. Eu estava na rua, perdida. Aí ele me achou e levou no CAPR (Centro de Atendimento à População de Rua). Ele me ajudou, foi muito atencioso. Nesse momento, me apaixonei``, lembra a noiva. Começaram a namorar há um ano e três meses. Seu Pedro sofria com a dependência química. ``Depois que ela apareceu na minha vida, eu consegui deixar (as drogas). Ela tem problema (neurológico) e precisa tomar remédio. Agora está boa e vamos continuar assim. É eu cuidando dela. E ela cuidando de mim``, afirmou o noivo.

Diante de uma igreja repleta de amigos, conhecidos nas ruas e nas entidades de apoio, Lindinalva recebeu primeiro o batismo. Já durante o casamento, Seu Pedro, emocionado, tentava carinhosamente segurar a mão da noiva. Os dois fitavam as imagens de Nossa Senhora e de Jesus. ``Estava pedindo coisas boas, coisas do coração``, entregou ela.

De vez em quando se olhavam apaixonados, como se não acreditassem no que viviam. ``O meu sonho era casar numa igreja linda como essa e não tinha condições. Mas o povo da rua se uniu e eu tenho mais é que preservar essas pessoas na minha vida``, disse Seu Pedro.

O padre Lino Allegri, da Pastoral da Rua, celebrou a cerimônia e relatou a passagem bíblica que fala sobre quando Deus fez o homem e a mulher, para caminharem lado a lado. ``Faltava ao homem alguém que desse sentido à sua vida. Deus fez a mulher para que os dois caminhassem juntos, um ajudando o outro. E assim aconteceu com Pedro, que conheceu Lindinalva e mudou de vida``, comemorou.

Hoje, Seu Pedro e Lindinalva trabalham como catadores de lixo, de onde tiram o sustento e já conseguem pagar o aluguel do quarto onde vão morar, no Centro. Agora, o sonho é ter a casa própria. ``A história deles mostra para outros moradores de rua que isso pode acontecer com qualquer um``, disse o amigo do casal, Isaías de Sousa, 42. Eles são o exemplo de que não há limite para sonhar.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A fábula dos Morcegos

Tenho usado a literatura para divulgar a construção de uma sociedade anticapitalista. Talvez, Por conta disso, algumas pessoas julguem os poemas que faço depressivos, ou numa consideração mais contundente, poemas com versos fracos, sem cunho literário, e por isso não devem sequer figurar no gênero cujo ato de poemar constitui o mais convidativo. Para estas pessoas que apesar de tudo são meus leitores, dedico sem nenhum tipo de ressentimento, os seguintes versos que eu teimosamente insisto em chamar de poesia.

Ternura sempre,

Razek Seravhat.




I
No cume de uma caverna
habitam dois tipos de morcegos
Os Morcegos por assim dizer
e aqueles
Que se autodenominam
Morcegos Sábios.



II
Todo dia, os Morcegos
Que se dizem Sábios
agradecem maravilhados
pela vida que levam
apesar do ambiente hostil
e dos riscos de
super-desabamento
a que estão submetidos


III
todo este marasmo
e conformação
se justifica, pois,
segundo eles,
Só o fato de estarem vivos
É motivo pra “ser feliz.”


IV
Por isso ficam adormecidos,
orando morcegosamente,
Cientes de que o único poder salvador,
É o do seu Sábio Mestre,
no mais, são mamíferos
e ainda por cima voadores,
e creem que ao saírem da caverna
Enfim poderão desfrutar do que eles
Acreditam ser o cálido
horizonte dos morcegos.


V
Assim,
A vida vai esvaindo-se,
A caverna diluindo-se,
mas a pungente certeza
Dos Sábios Morcegos,
Permanece inabalável.
Apesar das privações,
agruras e
solidão impostas,
a eles e a seus semelhantes,
as suas convicções e
tradições de milênios
continuam Intactas.


VI
Para esses Morcegos,
a infinita sabedoria
consiste
no propósito de que
todos na caverna devem
Conhecer e reconhecer
Com devotada inteligência
a sapiência
do Morcego- Mestre.
Basta isso,
e tudo se converterá
em escuro pleno e
salvação instantânea.

VII
Pois,
segundo o pensar sagrado,
O Supremo-Mestre possui
a dádiva e a graça
da autoridade absoluta.
Aptidão que advém
Lá dos primórdios,
Quando a caverna
Era uma simples gruta.


VIII
Por vezes,
os Sábios Morcegos
não concebem
que a visão dos Morcegos,
propriamente ditos,
Funcione melhor ou igual
do que as deles.
E portanto, os consideram
incultos

IX
Por outro lado,
Os Morcegos que
São considerados incultos
não se abalam com o desprezo
dos seus colegas
E por meio dos sons
que emitem,
seguem transpondo os obstáculos
com habilidade e destreza,
Mesmo sem enxergá-los.

X
Fato que não ocorre
Com os Morcegos Sábios,
pois, preferem ficar
Pateticamente absortos,
Louvando e contemplando
A conturbada caverna,
impedidos de mirar a realidade,
E o que é pior, julgando-se
Os inteligentes e fiéis Morcegadores
da verdadeira ação
Do poderoso Morcego-Mestre.

XI
Nisso enclausuram-se numa razão
De gritos, marchas e zunidos
Que exaltam apenas a ciência
do Divino Morcego Cordato,
E esquecem que a vida
Deve está a serviço de
Uma cotidiana prática coletiva.

XII

Em contrapartida,
Enquanto os sábios
Ocupam-se em propagar
e demonstrar a misericórdia
do seu Morcego Divino.
Na caverna e ao redor dela,
Só o que próspera
É a dor da vingança,
O falecer da amizade,
E a matança de morceguinhos,
Horrores que são explicados
Com frases do tipo:
“ O Divino Morcego sabe o que faz”


XIII
Ao passo que os incultos,
Na sua ínfima condição
De morcegos,
com os seus grunhidos,
ruídos e voos rasantes
Não se contêm
nem se acomodam,
Um instante sequer,
e, prosseguem,
Resistindo,
Enfrentando a luminosidade
e as adversidades
com denodo e altivez.

XIV

Certo dia,
um desses mamíferos voadores
Calculou mal a distância que
O separava de uma barreira
e se despedaçou
Num enorme concreto de tiranias.
Acontecimento que até certo ponto
foi indiferente para os Morcegos Sábios.
Uma vez que aquele Morcego,
Coitado, não professava Saber algum.


XV
E dessa forma não pertencia
ao Reino dos Morcegos Sábios, e,
Portanto, sua vida
já estava condenada
a ser consumida
no eterno
fogo da ignorância.


XVI
Neste dia,
no entanto,
antes do distraído morcego
ver o seu patágio
Derreter-se em sangue,
obteve um ínfimo consolo,
pois,
Sentiu a sensação de surpresa
Na expressão de um dos
Morcegos Sábios.

XVII
Que notou
uma imensa muralha
de tristeza e cal
na qual todas os dias
os Morcegos incultos
Transpassavam-na,
Cuja existência
os Sábios Morcegos
sequer desconfiavam
que pudesse ser
tão imponente.

XVIII
Em virtude desse episódio,
Os Morcegos
Perceberam que além da escuridade
Existe também a diversidade,
E o essencial é viver em comunhão.
Desse dia em diante
começaram a festejar,
Todos os anos
Sempre no mesmo local
O valor da unidade.

XIX

E com o apoio do Morcego
que presenciou todo
O episódio,
E que doravante
ficou conhecido
Como o Morcego das visões
Começaram uma festividade
Para homenagear
o Distraído Morcego,
E finalmente,
Celebrar a fusão e a partilha
entre todos
os seres daquela caverna


XX
Entretanto,
um experiente Morcego
salientou, em nome do
Morcego-Mestre,
Que aquelas peripécias
tão cheias de satisfação,
e cambalhotas,
Poderiam trazer
mais benesses,
folículos e umidade

XXI
Com isso os investimentos
Para realizar as peripécias
aumentaram
E logo,
Os Morcegos-Sábios
Começaram a chamar
Aquela ocasião
De Voar feliz
E a medida,
que o Voar
crescia em dimensão
diminuía em sentido,
Pois a cada ano,
a comunhão era mascarada
E a unidade esquecida,

XXII
Melhor dizendo,
ambas eram substituídas
Por um novo vôo estiloso
ou por um capricho frugívoro,
ou mesmo por desejos fúteis,
o que alterava completamente
o significado daquele
congraçamento.

XXIII
Aos poucos o Feliz Voar
foi se modificando
de tal forma,
que inventaram até
uma árvore enfeitada
de bolinhas escuras
e alguns Morcegos pensam
que ter um Feliz Voar
é pôr ao pé da árvore
uma capa nova para a asa
Ou mesmo encher sua gruta
de pequeninas luzes escuras,
ou ainda capturar
uma rã fresquinha
para a ceia carvenina

XXIV
Assim, o Voar que era
pra ser um gesto
de união e confraternização
transformou-se
numa farsa repleta
de gananciosos morcegos,
e o que antes fora
organizado para lembrar
a fraternidade entre
os seres daquela caverna ,



XXV
Hoje não passa
da banalização oportunista
de um advento que
é regado pela insensatez
de muitos
e pela cretinice de alguns


XXVI

Que inclusive,
Falam em nome
daquele distraído morcego
na busca insana
de morcercializar os frutíferos
cartões de Voar Feliz,


XXVII
Outros, aproveitando a falsa
atmosfera de passividade,
inventam campanhas
em nome dos morcegos carentes
tudo forjado, com a desculpa
da caridade no afã licencioso
de sugar mais e mais,
num período que deveria ser
de partilha realizada
e não de morcegunal canalhada.


XXVIII


Tudo feito com o consentimento,
Do caritativo Mestre,
Chamado por todos
Pasmem!
De “O Morcecioso”

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Uma ética ambiental para o futuro


Por Jostein Gaarder - Escritor, autor de "O mundo de Sofia"

Cinqüenta e um anos depois da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o mundo necessita de uma nova declaração universal, desta vez de obrigações humanas, tanto dos indivíduos quanto dos estados, a fim de deter a progressiva deterioração do ambiente de nosso Planeta. Há no mundo milhares de organizações que atualmente se ocupam dos direitos das pessoas, mas somente um punhado está se preocupando com o estabelecimento de obrigações humanas.

O primeiro resultado real nesta área, a Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, pode até mesmo ter sido insuficiente, mas deu uma idéia do quanto falta para ser feito em matéria de obrigações supranacionais relacionadas à salvaguarda do ambiente e dos recursos mundiais, e com a necessidade de dar uma base sustentável à vida humana e animal.

Até agora a regra de ouro de “não faça aos outros, o que não gostaria que fizessem a você” serviu como base para todas as éticas. Devemos transportar esta regra para as relações entre países ricos e pobres, e entre gerações.

Teríamos gostado se as pessoas que viveram neste Planeta há cem, mil ou cem mil anos tivessem depositado enormes quantidades de lixo nuclear no fundo do oceano ou em buracos, levando à extinção numerosas espécies de plantas e animais, ou queimado tanto carvão e petróleo como nós fazemos? Sendo assim, fica claro que não temos o direito de fazer o mesmo.

Como já foi corretamente observado, o Planeta Terra não é de nossa propriedade e nem o herdamos de nossos ancestrais. Na realidade, o estamos pedindo emprestado de nossos descendentes. Mas estamos deixando atrás nós um mundo que vale menos do que aquele que pedimos emprestado.

A nossa é a primeira geração que está afetando o clima terrestre e a última geração que não terá que pagar o preço por ter feito tal coisa. Tendo em vista o que está ocorrendo em nosso Planeta, nos atreveríamos a nascer na metade do próximo século?

Sabemos que estamos em uma rota de colisão com a natureza e de que modo devemos mudar nosso comportamento para evitar o desastre. Nosso sistema econômico está colocando em perigo a capacidade do Planeta de renovar-se a si mesmo. Muitas decisões estão sendo tomadas por pequenos grupos com a intenção de obter lucros em curto prazo sem levar em conta o que seria uma justa divisão dos recursos mundiais.

Se a cultura ocidental tivesse êxito em exportar sua ideologia consumista para a África, Índia, China e Sudeste Asiático, por exemplo, a catástrofe global seria inevitável. Certamente, a catástrofe já é uma realidade em muitos lugares.

As perguntas candentes a se fazer neste início de Século 21 são as seguintes:

Que mudança de consciência está faltando? Quais são as qualidades de vida mais importantes? Quais são os valores sustentáveis? O que é uma boa vida?

A questão já não é mais se necessitamos de uma nova ética global, mas sim como obter uma “ética para o futuro” e como ela pode ser assimilada de modo a levar a uma nova direção política. Hoje em dia muitas pessoas têm um bom conhecimento dos desafios que este mundo está enfrentando. Muitos, inclusive, talvez tenham o que se poderia chamar de uma consciência global, ou uma consciência ecológica. Os políticos também estão se dando conta do que está ocorrendo e de uma maneira muito melhor do que demonstram na prática.

Este é o paradoxo: sabemos que o tempo está se esgotando para nós, mas não agimos para mudar completamente as coisas antes que seja demasiado tarde. Estamos enfrentando o colapso do ambiente planetário. Mas onde está a vontade política? Que políticos se atreveriam a pedir um pequeno sacrifício a fim de adotar um novo e necessário curso para salvar o futuro de nossas crianças, da civilização e da dignidade humana?

Devemos lutar pela proteção do ambiente e por uma divisão mais eqüitativa dos recursos do planeta.

Diz-se que uma rã posta na água fervente saltará rapidamente para fora, mas se a água for aquecida gradualmente, ela não se dará conta do aumento da temperatura e tranqüilamente se deixará ferver até morrer. Que coisa semelhante possa estar ocorrendo à nossa geração com respeito à gradual destruição do ambiente é ainda algo a ser demonstrado ou desmentido. Uma coisa é certa: ninguém pode nos salvar a não ser nós mesmos.

O futuro não é algo que simplesmente acontece por si mesmo. Estamos criando o amanhã neste mesmo momento. Hoje em dia muitas pessoas sentem-se como meros espectadores dos fatos globais. Mas devemos aprender que todos nós somos atores e que estamos modelando nosso futuro agora mesmo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Guardas florestais

Artigo no Jornal, O Povo, caderno Opinião.

http://opovo.uol.com.br/opovo/opiniao/936166.html

Guardas florestais
Gilvan Rocha
11 Dez 2009 - 01h41min

A função de guardas florestais é louvável e necessária. Mas seria uma infantilidade imaginar que preservaríamos nossas florestas contratando mais guardas florestais, sobretudo, porque eles têm comportamento e visão localizada da questão do meio ambiente. Aliás, os ambientalistas, no que pese o nosso respeito pela boa vontade que possam ter ou a nossa repulsa por utilizarem-se desse expediente como meio de vida, estão impossibilitados de salvar o mundo. Essa tarefa só poderá ser obra da sociedade.

Reduzir o ambientalismo em especialidade de doutos é reduzir a questão ao inatingível, pois a preservação real do meio ambiente só poderá ser obra social, portanto, uma obra intrinsecamente política.

A ex-ministra Marina da Silva desponta como candidata a presidente da República em coligação com o Psol. Sem dúvidas, como já dissemos , Marina merece o respeito e a admiração de todos nós na medida em que se levantou valentemente contra os senhores do agronegócio que ,de forma abusiva, usam as suas motosserras para produção de pastos e plantios de soja, devastando em escala geométrica as nossas matas.

Observe-se que por trás de cada motosserra existe um trabalhador necessitando desesperadamente daquele emprego. Trabalhadores e agropredadores que promovem a devastação da natureza o fazem em nome do lucro para os patrões. Lutar em favor da preservação ambiental é lutar, antes de tudo, contra o capitalismo de forma explícita. Do contrário, seja de boa fé ou não, estaremos escamoteando a questão.

Aliás, a burguesia tem apresentado projetos e tomado medidas em torno do problema sem ultrapassar, porém, os limites do capitalismo, ou seja, pretende encontrar soluções preservando o sistema. E a esquerda desavisada termina fazendo o jogo da burguesia com o seu discurso mutilado a respeito do assunto. Hoje, fala-se com muita simpatia no nome da ex-ministra Marina da Silva como candidata à presidência da República numa coligação PV e Psol. Ora, presume-se que o Psol seja um partido de natureza anticapitalista e nunca um partido ambientalista dotado de desinformação e romantismo.

Gilvan Rocha - Presidente do Caep- Centro de Atividades e Estudos Políticos

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Bertolt Brecht

Elogio do Aprendizado

Aprenda o mais simples!
Para aqueles cuja hora chegou
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC; não basta, mas aprenda!
Não desanime! Comece! É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!
Aprenda, homem no asilo!
Aprenda, homem na prisão!
Aprenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!
Você tem que assumir o comando!
Freqüente a escola, você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Você tem que assumir o comando.
Não se envergonhe de perguntar, camarada!
Não se deixe convencer!
Veja com seus próprios olhos!
O que não sabe por conta própria, não sabe.
Verifique a conta É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada item
Pergunte: o que é isso?
Você tem que assumir o comando.

domingo, 6 de dezembro de 2009

O menino que carragava água na peneira

(Manoel de Barros)

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"No Iraque o motivo também era pacifista"



Presidente americano afirma que vai enviar mais 30 mil soldados ao Afeganistão nos próximos seis meses


Nova York. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou ontem o envio de mais 30 mil soldados ao Afeganistão nos próximos seis meses, numa aguardada mudança na estratégia de guerra com a qual ele espera derrotar o Taleban e permitir a saída dos Estados Unidos do Afeganistão. Atualmente há aproximadamente 58 mil soldados americanos e 42 mil soldados aliados nesse país.

Após três meses de deliberações vistas por alguns críticos como atraso e indecisão, Obama apresentou seu plano em um discurso para cadetes da Academia Militar dos Estados Unidos em West Point, Nova York. A Casa Branca diz que Obama já deu ordens a seus comandantes para o aumento das tropas.

Antes do discurso, Obama falou por uma hora por videofone com o presidente afegão Hamid Karzai. Washington vem tendo uma relação tensa com Karzai desde que Obama chegou ao poder. A tensão se agravou nos últimos três meses em função da eleição afegã marcada por acusações de fraudes.

O aumento das tropas representa uma aposta importante de Obama. Ele chegou ao poder prometendo um foco maior sobre o Afeganistão, mas vem enfrentando ceticismo de alguns assessores chaves em relação à conveniência de apostar mais vidas e dinheiro para ajudar um governo no Afeganistão amplamente visto como sendo corrupto e inepto.

Em seu discurso, Obama enfatizou que os Estados Unidos não assumiram um "compromisso por tempo indeterminado" no Afeganistão, mas querem entregar o poder a forças afegãs novamente treinadas e começar a retirar suas forças assim que isso for praticável.

Seu desafio é inverter o que os comandantes militares americanos descrevem como situação em deterioração, devido à ressurgência do Taleban. Obama também pretende persuadir Karzai, que deve escolher os integrantes de seu novo gabinete nos próximos dias, a reprimir a corrupção e melhorar a governança, em troca do apoio norte-americano.

Se prevê ainda que Obama enfatize a necessidade de o Paquistão fazer mais para combater militantes que atravessaram a fronteira do Afeganistão. A administração já disse que acertar a política em Islamabad é tão importante quanto em Cabul.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A caixa de schrödinger

O estudante de Física Quântica, provavelmente sinta entusiasmo para ler e tentar entender a caixa de “Schrödinger“.Este imaginário experimento é descrito pelo físico austríaco Erwin Rudolf Josef Alexander Schrödinger (1887-1961):“Um gato é preso em uma caixa hermeticamente fechada, acompanhado de um frasco de gás venenoso e de uma partícula quântica a qual só tem dois estados de energia possíveis: E1 e E2.Se a partícula quântica estiver no estado de energia E1 o frasco de gás pode ser quebrado, mas permanecerá intacto se a partícula estiver no outro estado de energia.

Como estará o gato quando a caixa for aberta: vivo ou morto?“Mesmo com a caixa fechada, a interpretação da física quântica – definida durante um congresso em Copenhagen em 1927 – propõem que a partícula existirá como a superposição de ambos os estados de energia simultaneamente. Essa compreensão possibilita que a partícula tenha certa probabilidade de ser encontrada em algum dos dois estados de energia de tal forma que a soma das probabilidades seja 100%.

Assim, é razoável supor que a partícula tem 50% de probabilidade de ser encontrada em cada um dos estados de energia. Daí, o veneno também deve estar simultaneamente liberado e contido no frasco, e, por sua vez, o gato também deve estar tanto vivo quanto morto, enquanto a caixa permanecer fechada. Por outro lado quando a caixa é aberta, a superposição quântica colapsa – só um dos estados de energia pode ser medido – e, em um só instante, ou o gato está morto ou está vivo.

A finalidade de Schrödinger ao criar esta hipotética e engenhosa experiência visava demostrar que a interpretação da Física Quântica estaria incompleta ao afirmar que as partículas microscópicas existem em um estado de superposição dos dois, ou mais estados de energia quantizada.

Schrödinger, também criou uma equação que representa para a Teoria da Mecânica Quântica o que a segunda lei de Newton equivale para a Mecãnica Clássica.

Fonte: Ciência, Tecnologia e Ensino



domingo, 29 de novembro de 2009

Escola promotora da reflexão ambiental

“Educação Ambiental deve ser fundamentada, em uma lógica de apropriação das discussões,

mais, sobretudo de apropriação da mudança de mentalidade e de comportamento”

A educação tem um papel crucial na vida dos sujeitos, é a partir dela e com ela, que poderemos construir uma sociedade crítica e autônoma. O espaço da escola deve nos privilegiar a ação reflexão, em especial da construção histórica dos sujeitos pautando seu papel na sociedade e resignificando valores e mudança de mentalidade para o rompimento dos antigos paradigmas.
É nessa conjuntura que a Educação Ambiental se configura, na perspectiva de desmistificar conceitos estereotipados na sociedade e de fomento de uma cultura de participação, democratização e de construção de novos modelos para uma sociedade sustentável a partir do Meio Ambiente, considerando o mesmo como todo o conjunto que envolve as diversas realidades, meios de vida, de relacionamento, subjetividade, do modelo de consumo etc.
É necessário colocar no centro do processo educativo a formação da cidadania que vem ao encontro das modernas concepções da educação, que redefinem a função social da escola na construção do exercício da cidadania. Visam a uma sociedade mais justa, solidária e fraterna, através da valorização da vida em todos os seus aspectos. (Marcos Referenciais). A educação precisa de significado, pois é responsável pela autonomia do conhecimento, gerado a partir da cultura coletiva e se desdobrando para o individual, na qual o processo de aprendizado e de fundamentação do empoderamento dos sujeitos nasce da construção coletiva com a participação e envolvimento de um todo. É nesse sentido que a Educação Ambiental-EA deve ser fundamentada, em uma lógica de apropriação das discussões, mais, sobretudo de apropriação da mudança de mentalidade e de comportamento frente a um novo modelo de sociedade em que possamos estabelecer relações iguais a partir da sustentabilidade e preservação da natureza que muito tem a nos ensinar e a contribuir nos aspectos ecológico, saúde, educação, relação do meio com a sociedade etc. No processo de ensino aprendizagem, somos todos motivados e responsáveis pelo o desenvolvimento do Meio Ambiente, o espaço escolar é fundamental para a sensibilização e conscientização, pois é nesse espaço que são construídas as fundamentações teóricos onde educadores e educandos discutem e encontram possíveis saídas para as diversas realidades dentro de uma mesma sociedade, levando em conta o antagonismo da mesma. É no espaço da escola que percebemos a pluralidade e a possibilidade de transformação da realidade que antes a qualquer mudança de postura há de se ter um mudança de mentalidade, e que o mesmo é fruto de muitas discussões,debates, decisão e interesse político, considerando que existe uma política para a Educação Ambiental- EA.
A EA pode e deve ser trabalhada de várias formas e métodos, uma delas se dá através dos temas transversais e da interdisciplinaridade, onde o tema se relaciona com o cotidiano da escola mais também com a vida dos educandos, acreditamos que para um Meio Ambiente Sustentável precisamos iniciar o debate nas escolas e levarmos para todas as instituições e espaços que ocuparmos para um processo de convencimento da importância da mesma na construção de uma sociedade emancipada sustentavelmente.

Josineide Luz de Freitas
Simone Sousa do Nascimento

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Somos todos...

conferência das cidades

A política pública necessária às cidades tomou foco quando do marco legal disposto no Estatuto das Cidades em 2001, que sugere a Gestão Democrática das Cidades. Até 2003, porém, a ação do poder público se dava de maneira não interdisciplinar, cabendo a cada pasta suas funções isoladas. Quando da criação do Ministério das Cidades, vislumbrou-se a possibilidade de engrenar as ações resolutivas habitacionais, de mobilidade e transporte, saneamento básico ambiental entre outras necessidades das urbes.

Com o objetivo de construir a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano – PNDU, com a participação da sociedade, foi convocada a 1ª Conferência Nacional das Cidades, em 2003, que possibilitou o direcionamento das políticas setoriais desenvolvidas pelo Governo Federal, através do Ministério das Cidades, além de aprovar atribuições, estabelecer a composição e eleger as entidades que fizeram parte da 1ª gestão do Conselho das Cidades em âmbito nacional.

A mobilização dos governos estaduais e municipais e da sociedade civil para a realização da 2ª e da 3ª Conferências Nacionais das Cidades propiciou avanço significativo nos debates, o que permitiu o diálogo com questões transversais como: a participação e o controle social, a questão federativa, financiamento e o desenvolvimento urbano regional, além de iniciar discussão para a elaboração da proposta de construção de uma consistente Política Nacional de Desenvolvimento Urbano.



Agora, inicia-se o processo de realização da 4ª Conferência Nacional das Cidades com os seguintes lema, tema e eixos temáticos:






Lema: “Cidades para Todos e Todas com Gestão Democrática, Participativa e Controle Social”; e

Tema: “Avanços, Dificuldades e Desafios na Implementação da Política de Desenvolvimento Urbano”.




Eixo 01: Criação e implementação de conselhos das cidades, planos, fundos e seus conselhos gestores em níveis federal, estadual, municipal e no distrito federal.

Eixo 2: Aplicação do estatuto da cidade e dos planos diretores e a efetivação da função social da propriedade do solo urbano.

Eixo 3: A integração da política urbana no território: política fundiária, habitação, saneamento e mobilidade e acessibilidade urbana.

Eixo 4: Relação entre os programas governamentais - como PAC e Minha Casa, Minha Vida - e a Política de Desenvolvimento Urbano.

Eixo 5: Cidade Sustentável.



Conforme convocação da Prefeita, através do Decreto 12.579/2009, Fortaleza realizará a 4a Conferência Municipal da Cidade de Fortaleza ocorrerá nos dias 05 e 06 de dezembro de 2009, na sede do Centro Urbano de Cultura, Ciência, Arte e Esporte – CUCA Che Guevara, na Barra do Ceará, precedida por pré-conferências dos diferentes segmentos sociais.


a pré - conferência do segmento do movimentos sociais e populares será no dia 28 de novembro (amanhã), às 8h, no ginásio Aécio de Borba.

Universo dos racionais sem razão



Fazemos parte do mesmo conjunto
Vivos ou mortos, não sei
Mais mortos que vivos, talvez
Nesse conjunto de subconjuntos
As diferenças não são respeitadas
As igualdades não são afirmadas
As alegrias não são compartilhadas
Odeio esse conjunto de hipocrisias
De falsas rebeldias, de medo
De acusações, de deturpações
Nasci humano, que lástima, faço parte desse conjunto
Tanta evolução pra simplesmente retroceder
Vivendo a morte sem saber
Somos o universo sem o verso, sem sentindo de ser
Esquecemos quem somos porque apenas queremos ter
Fundidos no egocentrismo somos imbecis
Preocupando somente com os meios e não com os fins
Enfim... Um conjunto de racionais sem razão, é assim


Lane Lima

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Desenvolvimento Sustentável: Realidade ou Hipocrisia?

Assim como manejo florestal, desenvolvimento sustentável é mais um daqueles termos mágicos, que têm poder de mover muitas pessoas, de fazer dinheiro e fama, e de ocultar a dura realidade. São, porém, vazios de conteúdo na maior parte das vezes em que são usados. “Desenvolvimento sustentável” é oco sempre que aplicado do ponto de vista de negócios, pois o capitalismo, o modelo econômico vigente na maior parte do planeta, não é sustentável por definição, uma vez que exige expansão exponencial contínua, e não há mágica que faça esse sistema vir um dia a sê-lo.

O termo foi consagrado em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Comissão Brundtland. Foi definido e é aceito hoje como “aquele [modo de desenvolvimento] que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”.

Muito bem, releia com atenção a definição acima. Agora, a pergunta que coloco é a seguinte: é possível aplicar esse belo ideal na vida real e na maior parte dos elementos do cotidiano, sem hipocrisia e de forma integral e ainda assim evitar um colossal impacto no sistema capitalista?

Vejamos. Primeiro, quando falamos em “gerações futuras”, estamos nos referindo a todas elas, aos tataranetos dos tataranetos dos nossos tataranetos, certo? Estudos mostram, porém, que o homem já utiliza os recursos naturais oferecidos pela Mãe Terra num ritmo muito superior à capacidade do planeta de repô-los.

O manejo florestal, já muito debatido neste espaço, é uma das áreas onde o termo “sustentável” mais aparece. Nada mais é que uma forma de continuar destruindo a floresta de maneira mais “aceitável”. A proposta é mais ou menos a seguinte: vamos continuar arrancando essas árvores tão lucrativas, mas, como agora esse papo de ecologia vive atrapalhando nossos negócios, para não ter que parar de lucrar, contratamos meia dúzia de biólogos e engenheiros florestais que vão definir parâmetros – nunca devidamente comprovados – que demonstrem o quanto dá para matar da floresta de forma que ela não sinta tão duramente o impacto.

Estes profissionais gabaritados estarão em nossa folha de pagamentos e, mesmo que os parâmetros não sejam seguros – e quem afirme que eles são 100% confiáveis estará faltando com a verdade –, faremos um marketing danado em torno disso e assim as pessoas podem dormir tranqüilas, com a certeza de estarem adquirindo um produto “verde”.

Concorre para o sucesso da estratégia a menção de prazos longos tendo em conta as nossas vidas, como ciclos de corte de 25, 30 ou 40 anos, os quais, no entanto, são ínfimos do ponto de vista das espécies florestais e da maturação dos ecossistemas.

A seguir, transcrevo um parágrafo de um recente “Relatório de Sustentabilidade” de uma grande empresa do agronegócio, que ilustra bem a idéia central deste artigo:

“A sustentabilidade é um fator que facilita o acesso ao capital, permite reduzir custos e maximizar retornos de longo prazo do investimento, previne e reduz riscos, além de estimular a atração e a permanência de uma força de trabalho motivada, entre outros aspectos. Esses mesmos elementos contribuem para fortalecer nossa reputação, credibilidade e imagem, concorrendo assim para manter e aumentar o valor da Empresa para os acionistas e a sociedade em geral”.

Como é possível claramente constatar, não há nada escondido, está tudo às claras: a preocupação com o meio ambiente é simplesmente retórica, uma vez que o capitalismo percebeu que a questão ambiental poderia atrapalhar os negócios. Não existe a verdadeira compreensão da questão, ou, se existe, as razões para preservar estão perdendo para as razões para lucrar.

Compreender os porquês da preservação significaria aceitar que não há possibilidade de compatibilidade entre o nível atual de consumo e a dita sustentabilidade. Se todos na Terra tivessem um padrão de consumo semelhante ao dos países desenvolvidos, o caos chegaria bem mais rápido ou, possivelmente, já estaria instalado.

Ainda que as desigualdades mundiais continuem tal como estão (o que parece mais provável), excetuando-se a ascensão da China, não há recursos suficientes para alimentar o sistema por muito tempo. Mesmo que todas as empresas adotassem os mais rigorosos controles das “ISOs 14000 da vida” sobre os danos que causam ao meio ambiente. Tal como a floresta, que viveria alguns anos a mais com o manejo florestal, mas terá morte tão certa quanto teria sem o manejo, o meio ambiente não pode suportar eternamente um sistema que tem por prerrogativa consumi-lo até que não reste nada que não possa ser convertido diretamente em dinheiro – seja madeira, metais, água - ou que não seja veículo para se fazer dinheiro.

O irônico de tudo isso é perceber que o capitalismo é um sistema auto-destruidor (e estamos falando aqui apenas das questões ambientais), que ignora este fato dado o seu caráter imediatista. Mas não se pode perder tempo com questões menores... O que conta aqui é a multiplicação do o vil metal.

Por: Danilo di Giorgi

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Desejo

(Victor Hugo)



Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você sesentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
Eque pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono dequem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar esofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
Eque se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Eu sei, mas não devia



Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.


Marina Colasanti, 1972
Colasanti publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis.

Espero que não nos acostumemos com esse mundo desigual.

Abraços camaradas!

10 anos da Editora Expressão Popular

Lutadores e lutadoras

A Editora Expressão Popular comemora seu aniversário de 10 anos de existência e luta com um seminário que será realizado nos dias 23 e 24 de novembro no auditório da Reitoria da UECE (campus do Itaperi). Abaixo segue a programação.


Contamos com a presença de todos(as).


Pedimos aos participantes a contribuição de 1kg de alimento.

Programação


Seminário: Expressão Popular 10 anos na batalha de idéias

23.11 (Segunda-feira)

8h - Fala de abertura do seminário:
O vocabulário da luta social e as editoras populares - Professora Adelaide Gonçalves (História/UFC)

8:20 / Mesa - A crise e a questão Brasil: licões de Caio Prado Júnior

Debatedor: Francisco José Teixeira / professor da UECE e UNIFOR

19h / Jornada em defesa da democracia e do MST

Participação de João Pedro Stedile e Paulo Arantes

24.11 (Terça-feira)

8h / Mesa - O marxismo na batalha de idéias

Debatedores: João Pedro Stédile (Via Campesina) e José Meneleu Neto (professor da UECE)


19h / Conferência de encerramento - O marxismo frente ao irracionalismo do mundo contemporâneo

Conferencista: Professor Paulo Arantes (USP)


Realização: Editora Expressão Popular

Apoio: Consulta Popular, Jornal Brasil de Fato, CETROS, MCP, Via Campesina, Sindicato dos Comerciários e SECULT.

Pedimos aos participantes a contribuição de 1kg de alimento.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Para refletir...



"A mediação interessada, tantas vezes interesseira, da mídia, conduz, não raro, à doutorização da linguagem, necessária para ampliar o seu crédito, e à falsidade do discurso, destinado a ensombrear o entendimento. O discurso do meio ambiente é carregado dessas tintas, exagerando certos aspectos em detrimento de outros, mas, sobretudo, mutilando o conjunto."

(...)

"Se antes a natureza podia criar o medo, hoje é o medo que cria uma natureza mediática e falsa, uma parte da natureza sendo apresentada como se fosse o todo."

(...)

"O que, em nosso tempo, seja talvez o traço mais dramático, o papel que passaram a obter, na vida quotidiana, o medo e a fantasia.Sempre houve épocas de medo. Mas esta é uma época de medo permanente e generalizado. A fantasia sempre povoou o espírito dos homens.
Mas agora, industrializada, ela invade todos os momentos e todos os recantos da existência a serviço do mercado e do poder e constitui, juntamente com o medo, um dado essencial de nosso modelo de vida."

Milton Santos, 1992

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Greve

Quero uma greve onde vamos todos
Uma greve de braços, pernas, de cabelos
Uma greve nascendo em cada corpo.
Quero uma greve de operários, de pombas
De choferes, de flores,
De técnicos, de crianças
De médicos, de mulheres.
Quero uma greve grande
Que até o amor alcance
Uma greve onde tudo se detenha,
O relógio das fábricas,
O seminário, os colégios,
O ônibus, os hospitais,
A estrada, os portos.
Uma greve de olhos, de mãos e de beijo.
Uma greve que respirar não seja permitido,
Uma greve onde nasça o silêncio,
Para ouvir os passos do tirano que se marcha.

( Gioconda Belli)

Relato de indignação

Mais uma vez os jornais publicam o assassinato de jovens na RMF. Desta vez foram dois jovens, entre 18 e 22 anos, no município do Eusébio. A suspeita é de que os assassinatos foram decorrentes "de acerto de contas por causa do tráfico de drogas". O jornal Diário do Nordeste estampa os dois corpos caídos num terreno baldio e várias pessoas ao redor, "velando os corpos fuzilados", até com certa euforia (não me pergunte o porquê). Ninguém conhecia os jovens naquela região.

É triste saber que as pessoas tornaram essas cenas normais. Não se comovem, muito menos se indignam. Nem os animais que chamamos de "irracionais" são capazes de se portarem dessa forma.

Me pus a pensar sobre quem seriam os dois. Quais as suas histórias de vidas e perspectivas. Então lembrei daquela frase dos Racionais que diz:"não quero ter que achar normal ver um mano meu coberto com jornal". E realmente não quero. Não posso.


Lane Lima

domingo, 15 de novembro de 2009

A sala de aula para além dos muros da escola

A escola pública dos últimos tempos é tema de discussões acerca de sua metodologia constatada como depositária de conteúdos e não considera o individuo como pessoa que tem histórias de vida. Sabemos que a raiz dos fatos muito tem haver com nosso processo histórico de educação desde a vinda dos jesuítas com aculturamento dos índios na qual por muito tempo prevaleceu o ensino voltada para religião e que definia como verdades absoluta o ideal de formação cristã na convivência cidadã das pessoas. Com o advento das industrias surgem também às escolas de massas no sentido também de enquadrar os indivíduos em modelos denominados como fordismo e taylorismo, mais preocupado com o crescimento capital do que com a questão da formação humana. Entre essas citações há outros paradigmas que influenciaram nosso modelo de educação atual diagnosticada como fracassada, com grande índices de analfabetos funcionais e sobre tudo ausência da visão questionadora do mundo. Diante de tais fatos podemos refletir sobre que tipo de educação queremos? O que devemos considerar nesse processo? Que metodologia devemos usar? Hoje há discussões acerca do desafio da pedagogia norteada nos princípios da diversidade, inclusão, participação democrática e etc, que ao meu ver aproxima mais o ideal de escola que humaniza que direcione as crianças, adolescentes e jovens para serem construtores ativos da sociedade e exercendo a cidadania de forma plena. É necessário ainda um novo jeito de ensinar o professor tem que sair dessa postura linear e colocar-se na posição de facilitador na hora do aprender, Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia nos diz que ensinar não é transferir conhecimento, é criar possibilidade para sua própria produção. Concordando com idéia do autor ao retratar que o conhecimento só é conhecimento se tiver ligação com a vida e ainda experimentado sendo assim o educad@r é responsável pela criação de situações que faz com que o educand@ crie suas deduções e construa suas próprias respostas é necessário ainda a constante conexão entre prática e teoria no exercício da nossa profissão de educad@r, embora sabemos que somos frequentemente engolidos pelo viés capitalista que mantém as desigualdades na sociedade e as diferenças culturais. A escola deveria ser ao meu olhar um organismo que tem vida, evolui, interagem com outros organismo, encara desafios e possibilidades e reflete sua função no seu contexto. ( Simone Sousa)
Veja mais nesse link. Obrigada

sábado, 14 de novembro de 2009

CINECLUBE FILOSOFIA

Mostra Cinema Brasileiro, ás 16hs
Auditório do Centro de Humanidades da UECE
Avenida Luciano Carneiro, 345
Informações:
8819-0362

Datas e Obras:

06/11 Limite, de Mário Peixoto, 1931

13/11 Terra em Transe, de Glauber Rocha, 1937

20/11 O Bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla, 1968

27/11 Matou a família e foi ao cinema, de Júlio Bressane, 1969

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Grande marcha em defesa do Lagamar

No dia 17 de novembro (terça feira), às 8 horas da manhã, com concentração na pracinha em frente à escola Yolanda Queiroz, na Avenida Capitão Aragão, acontecerá uma Grande Marcha que sairá do Lagamar em direção à Câmara de Vereadores. O objetivo da manifestação é entregar uma lei complementar que tornará o Grande Lagamar Zona Especial de Interesse Social (ZEIS).

O Lagamar é considerado uma das áreas de maior vulnerabilidade de Fortaleza, sua população é de aproximadamente 12 mil habitantes. Estes lutam há mais de quarenta anos pela regularização da terra que até hoje foi negada. Portanto, sem a Regularização Fundiária os moradores não têm acesso a uma reurbanização e projetos de habitação popular, privando-os do direito a moradia digna. A forma de corrigir esta injustiça é permitir o direito da comunidade entrar na lei do Plano Diretor como Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), porque assim será garantido o reconhecimento de ser uma área que tem prioridade no planejamento da cidade. Nesse sentido, a população recorre a esse benefício para melhorar sua qualidade de vida com: reurbanização, infraestrutura, direito ao lazer, casa com condições de morar bem.

A campanha foi iniciada a partir das preocupações da Fundação Marcos de Bruin, entidades e lideranças locais da não inclusão do Lagamar como ZEIS. As mobilizações tiveram início no começo de setembro com rodas de conversas nas ruas da comunidade, com apresentações culturais e exibição do vídeo da história de resistência do povo na década de 80. O trabalho tem como um dos objetivos conquistar às pessoas para a Grande Marcha no dia 17 de novembro. Estudantes e professores Universitários, artistas da comunidade conhecidos em Fortaleza como o escritor PP Joel e os Humoristas “Tampinha” e “Fumacinha” também contribuem para a mobilização da população. Todos juntos em defesa da permanência do Povo do lagamar no lugar onde nasceram, se criaram e fizeram sua história.

O diferencial dessa mobilização é a participação da juventude através da cultura e da arte para estimular à comunidade que estão descrentes com as promessas dos Governos. Portanto, o engajamento da cultura na luta popular se faz necessário para a conquista de uma vida melhor.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Entenda a COP 15


A COP-15, 15ª Conferência das Partes, realizada pela UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, de 7 a 18 de dezembro deste ano, em Copenhague (Dinamarca), vem sendo esperada com enorme expectativa por diversos governos, ONGs, empresas e pessoas interessadas em saber como o mundo vai resolver a ameaça do aquecimento global à sobrevivência da civilização humana.

Não é exagero. De acordo com o 4º relatório do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão que reúne os mais renomados cientistas especializados em clima do mundo, – publicado em 2007, a temperatura da Terra não pode aumentar mais do que 2º C, em relação à era pré-industrial, até o final deste século, ou as alterações climáticas sairão completamente do controle.

Para frear o avanço da temperatura, é necessário reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, já que são eles os responsáveis por reter mais calor na superfície terrestre. O ideal é que a quantidade de carbono não ultrapassasse os 350ppm, no entanto, já estamos em 387ppm e esse número cresce 2ppm por ano.

Diminuir a emissão de gases de efeito estufa implica modificações profundas no modelo de desenvolvimento econômico e social de cada país, com a redução do uso de combustíveis fósseis, a opção por matrizes energéticas mais limpas e renováveis, o fim do desmatamento e da devastação florestal e a mudança de nossos hábitos de consumo e estilos de vida. Por isso, até agora, os governos têm se mostrado bem menos dispostos a reduzir suas emissões de carbono do que deveriam.

No entanto, se os países não se comprometerem a mudar de atitude, o cenário pode ser desesperador. Correremos um sério risco de ver:
- a floresta amazônica transformada em savana;
- rios com menor vazão e sem peixes;
- uma redução global drástica da produção de alimentos, que já está ocorrendo;
- o derretimento irreversível de geleiras;
- o aumento da elevação do nível do mar, que faria desaparecer cidades costeiras;
- a migração em massa de populações em regiões destruídas pelos eventos climáticos e
- o aumento de doenças tropicais como dengue e malária.

COP-15: É AGORA OU NUNCA!

Apesar de a UNFCCC se reunir anualmente há uma década e meia, com o propósito de encontrar soluções para as mudanças climáticas, este ano, a Conferência das Partes tem importância especial. Há dois anos, desde a COP-13 em Bali (Indonésia), espera-se que, finalmente, desta vez, tenhamos um acordo climático global com metas quantitativas para os países ricos e compromissos de redução de emissões que possam ser mensurados, reportados e verificados para os países em desenvolvimento.

A Convenção vai trabalhar com o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Isso significa que os países industrializados, que começaram a emitir mais cedo e lançam uma quantidade maior de CO2 e outros gases de efeito estufa na atmosfera em função de seu modelo de crescimento econômico, devem arcar com uma parcela maior na conta do corte de carbono. Por isso, a expectativa é de que os países ricos assumam metas de redução de 25% a 40% de seus níveis de emissão em relação ao ano de 1990, até 2020.

Os países em desenvolvimento, por sua vez, se comprometem a reduzir o aumento de suas emissões, fazendo um desvio na curva de crescimento do “business as usual” e optando por um modelo econômico mais verde. É isso o que fará com que Brasil, Índia e China, por exemplo, possam se desenvolver sem impactar o clima, diferentemente do que fizeram os países ricos.

Para mantermos o mínimo controle sobre as consequências do aquecimento global, a concentração global de carbono precisa ser estabilizada até 2017, quando deve começar a cair, chegando a ser 80% menor do que em 1990.

Fonte: Thays Prado - Edição: Mônica Nunes
Planeta Sustentável - 18/09/2009


Obs.: Isso se o capital não falar mais alto. O que certamente ocorrerá. :(

sábado, 24 de outubro de 2009

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Manifesto em defesa do MST


Contra a violência do agronegócio e a criminalização das lutas sociais


As grandes redes de televisão repetiram à exaustão, há algumas semanas, imagens da ocupação realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras que seriam de propriedade do Sucocítrico Cutrale, no interior de São Paulo. A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo.


Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.


Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos.


Bloquear a reforma agrária


Há um objetivo preciso nisso tudo: impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola – cuja versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975 – e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal postura, o foco do debate agrário é deslocado dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo. A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária.


Para mascarar tal fato, está em curso um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro, o MST. Deste modo, prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira.

O pesado operativo midiático-empresarial visa isolar e criminalizar o movimento social e enfraquecer suas bases de apoio. Sem resistências, as corporações agrícolas tentam bloquear, ainda mais severamente, a reforma agrária e impor um modelo agroexportador predatório em termos sociais e ambientais, como única alternativa para a agropecuária brasileira.


Concentração fundiária


A concentração fundiária no Brasil aumentou nos últimos dez anos, conforme o Censo Agrário do IBGE. A área ocupada pelos estabelecimentos rurais maiores do que mil hectares concentra mais de 43% do espaço total, enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7%. As pequenas propriedades estão definhando enquanto crescem as fronteiras agrícolas do agronegócio.


Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2009) os conflitos agrários do primeiro semestre deste ano seguem marcando uma situação de extrema violência contra os trabalhadores rurais. Entre janeiro e julho de 2009 foram registrados 366 conflitos, que afetaram diretamente 193.174 pessoas, ocorrendo um assassinato a cada 30 conflitos no 1º semestre de 2009. Ao todo, foram 12 assassinatos, 44 tentativas de homicídio, 22 ameaças de morte e 6 pessoas torturadas no primeiro semestre deste ano.


Não violência


A estratégia de luta do MST sempre se caracterizou pela não violência, ainda que em um ambiente de extrema agressividade por parte dos agentes do Estado e das milícias e jagunços a serviço das corporações e do latifúndio. As ocupações objetivam pressionar os governos a realizar a reforma agrária.


É preciso uma agricultura socialmente justa, ecológica, capaz de assegurar a soberania alimentar e baseada na livre cooperação de pequenos agricultores. Isso só será conquistado com movimentos sociais fortes, apoiados pela maioria da população brasileira.


Contra a criminalização das lutas sociais


Convocamos todos os movimentos e setores comprometidos com as lutas a se engajarem em um amplo movimento contra a criminalização das lutas sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.



Assinam esse documento:


Eduardo Galeano - Uruguai

István Mészáros - Inglaterra

Ana Esther Ceceña - México

Boaventura de Souza Santos - Portugal

Daniel Bensaid - França

Isabel Monal - Cuba

Michael Lowy - França

Claudia Korol - Argentina

Carlos Juliá – Argentina

Miguel Urbano Rodrigues - Portugal

Carlos Aguilar - Costa Rica

Ricardo Gimenez - Chile

Pedro Franco - República Dominicana


Brasil:

Antonio Candido

Ana Clara Ribeiro

Anita Leocadia Prestes

Andressa Caldas

André Vianna Dantas

André Campos Búrigo

Carlos Nelson Coutinho

Carlos Walter Porto-Gonçalves

Carlos Alberto Duarte

Carlos A. Barão

Cátia Guimarães

Cecília Rebouças Coimbra

Ciro Correia

Chico Alencar

Claudia Trindade

Claudia Santiago

Chico de Oliveira

Demian Bezerra de Melo

Emir Sader

Elias Santos

Eurelino Coelho

Eleuterio Prado

Fernando Vieira Velloso

Gaudêncio Frigotto

Gilberto Maringoni

Gilcilene Barão

Irene Seigle

Ivana Jinkings

Ivan Pinheiro

José Paulo Netto

Leandro Konder

Luis Fernando Veríssimo

Luiz Bassegio

Luis Acosta

Lucia Maria Wanderley Neves

Marcelo Badaró Mattos

Marcelo Freixo

Marilda Iamamoto

Mariléa Venancio Porfirio

Mauro Luis Iasi

Maurício Vieira Martins

Otília Fiori Arantes

Paulo Arantes

Paulo Nakatani

Plínio de Arruda Sampaio

Plínio de Arruda Sampaio Filho

Renake Neves

Reinaldo A. Carcanholo

Ricardo Antunes

Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira

Roberto Leher

Sara Granemann

Sandra Carvalho

Sergio Romagnolo

Sheila Jacob

Virgínia Fontes

Vito Giannotti


Para subscrever esse manifesto, clique no link: http://www.petitiononline.com/ boit1995/petition.html



Saudações Socialistas
do amigo
Marcelo Durão

"Revolucionários do Brasil"
Fogo no Pavio - Fogo no Pavio