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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Extermínio juvenil

1/4/2010

A ausência de medidas preventivas contra o envolvimento da juventude em situações de risco tem contribuído para o agravamento da violência na Região Metropolitana de Fortaleza. Essa constatação aparece, de forma nítida, na conclusão do Mapa da Violência 2010 - Anatomia dos Homicídios no Brasil, realizado por instituição especializada, levando em conta uma série histórica construída ao longo da década 1997-2007.

Antes disso, não faltaram advertências e sugestões para mitigar a atmosfera gerada, paulatinamente, em razão do acúmulo gradativo dos conflitos envolvendo grupos adolescentes aliciados pelas drogas para consumo pessoal ou para seu rendoso comércio. O aparelho policial - a única instituição do Estado a intervir na questão - tem sido insuficiente para conter a expansão das gangues de ruas, o primeiro estágio para ingresso no mundo dos tóxicos e da violência expandida.

A problemática infanto-juvenil aparece em primeiro plano quando a questão posta se relaciona com a violência e as elevadas taxas de homicídios. Por isso, Fortaleza detém os maiores índices de homicídios envolvendo crianças e adolescentes nos últimos dez anos estudados, com aumento de 119,5% nos números de vítimas desse autêntico extermínio juvenil praticado na Grande Fortaleza.

A pesquisa constata outra realidade: a elevada taxa de assassinatos nos grupos jovens situados entre 15 e 24 anos, exatamente as faixas das quais começam a ser recrutados os trabalhadores para o mercado de mão-de-obra. Os jovens, pela constatação da pesquisa, são os mais afetados pelos efeitos da desigualdade social, pois a eliminação física alcança, de preferência, os situados nas camadas de baixa renda, com desajuste no seu desempenho escolar e vivendo reflexos de lares desfeitos por conta do alcoolismo, desemprego e violência.

Aqui, o trucidamento juvenil vem se tornando um fato banal, corriqueiro, incluído na rotina dos embates das gangues de bairros ou dos vingadores do mercado de tóxicos, os quais teriam nessa forma de justiçamento uma maneira de cobrar débitos de tóxicos não honrados. Em 2008, os índices elevados de homicídios continuaram, com o registro de 96 eliminações. Em 2009, o problema se acentuou pois, no balanço geral de 1.417 assassinatos, 165 eram adolescentes.

Essa problemática exige intervenções urgentes do poder público, em várias esferas, numa ação conjugada para enfrentar suas motivações pelas origens. A ação policial preventiva e coercitiva necessita encarar os territórios das gangues de ruas sem condescendência, num choque de ordem há muito reclamado, diante das batidas ocasionais até aqui efetivadas, levando o desembargador Jucid Peixoto do Amaral a reconhecer sua presença apenas depois dos fatos consumados.

Outra política pública paralela e, por extensão, urgente, diz respeito à instalação de escolas profissionalizantes nesses territórios conflagrados, com dois turnos de funcionamento, para ocupar o alunado no aprendizado formal, profissional e na prática esportiva. Para recuperar a autoestima da juventude sem perspectiva e lhe imprimir um rumo na vida só há o caminho da escola adaptada às condições de trabalho.


Fonte: Diário do Nordeste

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