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quinta-feira, 11 de março de 2010

As Chamas de Almas Mortas

(Para Galdino Jesus dos Santos)

In Memorian


As chamas de almas mortas
Se movem. Mais um índio cai inerte
Envolto pelas flamas ignotas
De um desdenhar que perverte.

Almas que se ocultam entre chamas
Para destilar ódio, amargura, desdém
E, surdas, em suas tramas,
Não escutam um ser considerado ninguém.

Em meio àquelas labaredas, terminal
De sonhos, esperanças, calor...
De madrugada seca e infernal
Tudo vira tocha em macabro ardor.

(Vislumbramos a solidão do deserto
Que há em todos nós, que navegamos
Em mar vermelho e incerto
De tubarões gélidos que encontramos.)

Era um Pataxó que quisera ser
Mendigo de suas próprias heranças
Destronado que fora dos sonhos de ter
Suas matas, habitadas de lembranças.

Recebeu sua parte comendo o pão
Buscado sob mesas fartas,
O seu pedaço de chão:
Em chamas, à semelhança de suas matas.

Só pra não esquecer!

O índio Galdino era conselheiro em sua aldeia. Ele havia ido a Brasília no dia 17 de abril, como membro integrante da delegação com oito lideranças de seu povo (índios pataxó Hã-Hã-Hãe, do sul da Bahia).

Estava agendado que, a partir do dia 22 de abril, ele, acompanhado pela Assessoria Jurídica do Secretariado Nacional do Cimi, iria participar de reuniões com procuradores da República, parlamentares e membros do alto escalão do Ministério da Justiça e da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Tal agenda foi abreviada com a sua morte e o retorno do seu corpo para sua aldeia, localizada entre os municípios de Camacã, Itaju do Colônia e Pau Brasil, no sul da Bahia.

Galdino, foi morto, covardemente, por cinco jovens de classe média alta, de Brasília, os quais definiram o ato crimonoso como uma "mera brincadeira". Ele dormia em um ponto de ônibus quando, às cinco da manha, do dia 20 de abril de 1997, esses mostros jogaram álcoool no corpo do índio, ateara atearam fogo e fugiram.

Foram identificados e presos, mas como era de se esperar (infelizmente), o jogo de influências e de poder político das classes sociais envolvidas foi capaz de assegurar benefícios aos assassinos do índio Galdino, sob a aprovação da Justiça, para a indignação do sociedade brasileira e, em especial, dos pataxós e todos os outros povos indígenas.

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